Como é sabido, as secas, característica do semiárido, são episódios recorrentes e sempre causam grandes impactos, seja no abastecimento humano, na produção e nas calamidades públicas. A opção brasileira, ao longo dos tempos, para enfrentar o problema das secas, tem sido a construção de reservatórios, sendo denominado de “solução hidráulica”. Após estes sucessivos anos de seca fica demonstrado a limitação dessa política de infraestrutura baseada na reservação de água em açudes, embora muito contribua para reduzir a vulnerabilidade hídrica, em alguma medida, porque mascara as vulnerabilidades. No caso de secas plurianuais, as reservas entram em falência e a fragilidade é exposta. Não podemos perder a oportunidade de aprender com estas experiências para não permanecermos no erro.

A carência de água no semiárido brasileiro é um dos mais graves entraves para a construção da cidadania, na medida em que falta água, comida e como consequência, saúde. Fornecer água de qualidade para abastecimento humano e produção de alimentos básicos para garantir a segurança alimentar e nutricional das famílias mais carentes, a baixo custo,  é um grande desafio.

Após vários anos de seca no Nordeste do Brasil percebe-se que existe condições para se construir uma sociedade melhor, mesmo com as mudanças climáticas que ameaçam à humanidade. A mitigação do clima e as adaptações necessárias força a que governos, empresas, produtores rurais, agricultores familiares, cooperativas, associações e organizações não governamentais a repensarem a formação das cidades, os modos de produção e a diminuírem o desperdício dos recursos naturais. Formas de organizações sociais, novas, baseadas na cooperação e na reciprocidade terão de ser adotadas.

O semiárido brasileiro possui extensão territorial de aproximadamente 1000 mil Km² e uma população de cerca de 23 milhões de habitantes. Seu território abrange 1.133 municípios localizados em nove estados brasileiros: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia. Esta larga porção territorial é notadamente marcada pela diversidade cultural e natural. Esta região, todavia, é amplamente conhecida pelos longos períodos de seca que assolam o semiárido.

A dimensão territorial, o regime de chuvas da região e a distância das fontes de água permanentes localizadas no semiárido, conformam o cenário de escassez de água disponível, fenômeno que atinge principalmente os moradores das zonas rurais, que se encontram territorialmente dispersos, dificultando a implementação de um sistema público de abastecimento, cria limitações para uma distribuição de água eficaz.

O regime de chuvas da região é fortemente concentrado em quatro meses (fevereiro a maio), e a época de seca perdura aproximadamente pelos próximos oito meses do ano. Aliado ao regime de chuvas, às características geológica da região, o solo é predominantemente raso, e encontra-se sobre rochas cristalinas, dificultando a perenidade dos rios. O território nordestino é em mais de 80% constituído por rochas cristalinas, há predominância de águas com teor elevado de sais, e via de regra, não são próprias para o consumo humano. 

O Fórum Multissetorial é uma preparação para os eventos internacionais: Encontro Intercontinental sobre a Natureza – O₂ e Dialogue For Water Futures  In Brazil  – Future Scenarios For Water Security And Well-being In 2030 And 2050.  Que serão realizados conjuntamente no período de 4 a 8 de novembro de 2017 no Centro de Eventos do Ceará. 

O Instituto Hidroambiental Águas do Brasil se associa ao Banco do Nordeste, com o lançamento do FNE Água, que neste momento adquire uma grande importância dada a concretude que o FNE Água destina-se  a financiar projetos de empresas de todos os portes e setores, produtores rurais, agricultores familiares, cooperativas e associações que tenham interesse em montar infraestruturas capazes de produzir e conservar água. Por outro lado, há que se preocupar com a sobre-explotação das águas subterrâneas para não comprometer, inclusive, aqueles projetos já em pleno funcionamento. 

Objetivo Geral 

Contribuir para a formação de recursos humanos qualificados com o intuito de alavancar o progresso do semiárido brasileiro, inserindo-o em um contexto mundial de áreas suscetíveis às mudanças climáticas e à desertificação. A oferta de educação superior de qualidade, mais flexível e personalizada, encontra limitações nos modelos tradicionais, fazendo com que essa proposta se transforme em uma alternativa viável e com alto potencial de ampliar o aprendizado de todos os envolvidos, como verdadeiros multiplicadores da proposta. 

O objetivo do Fórum Multissetorial é a formação de massa crítica para atuação em prol da convivência com situações ambientais adversas, tais como as encontradas no semiárido brasileiro, em todos os níveis, desde a pequena produção rural até a formulação de programas e políticas públicas. Neste sentido, o evento deverá garantir a formação de uma compreensão abrangente e integrada do estado da arte no tocante a água e à convivência com regiões semiáridas e, ao mesmo tempo, a postura como agentes criativos e reflexivos, preparados para orientar e estimular a prosperidade nestes ambientes. 

Objetivos Específicos 

Desenvolver processos pedagógicos teóricos e práticos que visem ao aperfeiçoamento de conhecimentos e competências relativas à convivência com regiões semiáridas, no campo, cidades e na capital; 

Possibilitar aos participantes o domínio crítico do uso das tecnologias sociais construídas na sociedade e já parcialmente integradas ao semiárido e famílias do entorno; 

Avaliar em conjunto com os demais profissionais processos mais adequados de inclusão produtiva e sua relação com o ambiente e demais aspectos socioculturais locais; 

Discutir acerca de novas formas de interação com a sociedade local e novos olhares, mais integrados, para a população residente e sua relação com o ambiente; 

Incentivar o intercâmbio entre as instituições e participantes.